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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pentecostal que faz barulho está com defeito de fabricação!

Assim, se toda a igreja se reunir e todos falarem em línguas, e entrarem alguns não instruídos ou descrentes não dirão que vocês estão loucos? (1 Coríntios 14.23)

O barulho ensurdecedor de um culto pentecostal contradiz a recomendação bíblica de um culto racional (Rm 12.1-2) e edificante (cf. I Co 12-14). Não é necessário ser barulhento para exercer os dons espirituais, já que nenhuma manifestação divina anula o livre-arbítrio. A edificação mútua sempre será anulada na grande barulheira. Quem gosta de culto irracional e ensurdecedor então tome consciência que precisa de outra Bíblia para justificar tal liturgia.

E quem disse que esse culto "dinâmico" seja de fato "único" e "não enfadonho"? Os "cultos" barulhentos são uma cópia um do outro. Sempre começa meio devagar e depois com clichês de autoajuda e uma dose de emocionalismo do pregador "animado" o ambiente "pega fogo". Onde Deus está sendo louvado nesse frenesi toda?

Várias pessoas falando em línguas ao mesmo tempo e outras tantas pulando descontroladamente são um indício de um culto cuja carnalidade tomou conta sob forma de espiritualidade. Por que carnalidade? Ora, nesse ambiente ninguém está pensando em edificação mútua, mas simplesmente no prazer da experiência espiritual individualizada. O culto barulhento é um conjunto de pequenos cultos individuais não conectados, ou seja, é um culto sem comunhão. É uma tragédia.

Falar em línguas não é errado. O problema é falar sem interpretação. Não havendo quem interprete, logo fale baixo, como Paulo deixou bem claro em 1 Coríntios 14.27-28: "Se, porém, alguém falar em língua, devem falar dois, no máximo três, e alguém deve interpretar. Se não houver intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus". Mas claro do que isso? Impossível! Como um dirigente de um culto "pentecostal" pode desprezar tamanha clareza descrita em um capítulo inteiro da Bíblia?

O exegeta pentecostal Gordon Donald Fee observa: "Paulo não condena falar em línguas com um louvor comedido, como alguns têm argumentado, nem reverencia o dom, como os coríntios aparentemente haviam feito- e como fazem alguns defensores de falar línguas. Como com toda atividade fortalecida pelo Espírito, Paulo a tem em alta conta, mas em seu lugar apropriado"(grifo do autor) [1]. Ora, todo pentecostal deveria ter 1 Coríntios 14 decorado.

E Atos 2? Ali os discípulos não foram considerados como bêbados após o derramamento do Espírito Santo e mesmo assim não houve ali milhares de conversões? Sim, é verdade. Mas a conversão não aconteceu porque as pessoas observavam a manifestação coletiva, mas sim porque todos os discípulos calaram e Pedro levantou a voz inteligível e anunciou o Evangelho para aquelas pessoas. Além disso, a manifestação era de glossolalia (línguas estrangeiras) e não contorções corporais. O texto e contexto na língua grega deixam bem claro que os discípulos estavam sentados! A Carta os Coríntios já é uma disciplina no culto coletivo às manifestações espirituais.

O autocontrole (e não o controle da soberania do Espírito Santo) é essencial para um culto onde todos possam sair edificados. "As instruções que Paulo deu no tocante à cortesia, e o amor e as limitações às línguas não fariam sentido se os que falavam não tivessem pleno controle dos seus sentidos e consciência do que acontecia em redor deles"[2], como lembra o teólogo pentecostal Stanley Horton.

Paulo, sob autoridade apostólica, conclui o capítulo com uma fala que soa forte nos dias de hoje: "Se alguém pensa que é profeta ou espiritual, reconheça que o que lhes estou escrevendo é mandamento do Senhor". 1 Coríntios 14.37

Referências Bibliográficas:

[1] FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. 1 ed. Campinas: United Press, 1997. p 185.

[2] HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1993. p 248.

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